domingo, 21 de setembro de 2008

OHSAS 18001 na construção. Fará sentido?

Um outro tema que considero importante para o sucesso da implementação efectiva da Higiene e Segurança no trabalho da construção prende-se com o facto de o DL 273/2003 e a norma OHSAS 18001 serem totalmente imcompatíveis.

Vejamos. A implementação voluntária de um sistema de gestão da higiene e segurança no trabalho de acordo com a norma OHSAS 18001 por parte de uma organização, e refiro-me aqui específicamente a empreiteiros de construção civil e obras públicas, pretende criar uma organização interna ao nível de recursos humanos, materiais e documentais. Nomeadamente, e como base de todo o sistema, o comprometimento da gestão de topo e a criação de uma política da organização para esta temática.

Ou seja, um empreiteiro que possua implementado um Sistema de Gestão da Segurança, possui uma certificação nesta temática validada por uma entidade independente por via de auditoria por pessoas competentes. Neste momento estará criado um modelo documental para o controlo da produção, dos recursos humanos e dos recursos materiais. Numa palavra, o controlo dos processos da empresa na perspectiva da segurança efectiva dos trabalhadores, reduzindo estatísticas da sinistralidade, custos operacionais e custos indirectos.

Paralelamente, o DL 273/2003 propõe um modelo de implementação da Gestão da Segurança em empreitadas que assenta todo o modelo de controlo dos trabalhos, recursos humanos e sistema documental no Dono de Obra ou seu representante (Coordenador de Segurança). Este, elaborará um Plano de Segurança e Saúde, que definirá um modelo de actuação e documentação que deverá ser implementado pelo Empreiteiro, apenas desenvolvido no que aos procedimentos específicos de execução da empreitada diz respeito.

Então, na execução de empreitadas, os empreiteiros perdem boa parte da vantagem que essa certificação lhe poderia trazer ao trabalhar com um modelo adaptado à sua realidade, perfeitamente conhecido pelos colaboradores e terão que refazer todo o modelo para a obra, adaptando-se ao modelo de um terceiro, efectuando trabalho que em muitos dos casos é redudante e nada acrescenta à segurança efectiva dos trabalhadores dessa obra.

Perde-se na implementação deste DL 273/2003 em muitas empreitadas, que vou acompanhando e conhecendo, o enfoque no pormenor mais importante para esta matéria: a relação Trabalhador-Trabalho. É daí que efectivamente surgem os acidentes de trabalho. No entanto muitos dos modelos propostos e implementados pelos Donos de Obra, na pessoa do Coordenador de Segurança, assentam numa pesada estrutura documental e em reuniões demoradas, ao invés de priveligiar a presença e conhecimento das frentes de trabalho e das formas de implementação da segurança nos meios produtivos.

Como já referi antes, o facto de não haver legislação específica de enquadramento e definição do perfil do Coordenador de Segurança faz com que as afectações, formação e preparação destes intervenientes para um bom desempenho e relacionamento com todos os intervenientessejam, na maioria dos casos, totalmente desajustadas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sejas bem aparecido...

Desempenhar funções na área de HST em Angola é de facto uma aventura... Estamos a dar os primeiros passos!
E q bem sabe conversar sobre assuntos pertinentes da HST, essa realidade parece tão distante...

Concordo contigo... No fundo a distância da "sede", onde está implementado integralmente o sistema de gestão, e a obra, escrava das vontades do dono de obra (e todos os seus figurões), obriga-nos a cometer sp alguns erros graças ao sistema pesado do papel que n agiliza o acompanhamento de trabalhos e trabalhadores (e aperfeiçoamento das medidas de prevenção) no espaço dinâmico que é a obra. Tanto tempo gasto em reuniões e filosofias baratas...

Neste assunto acho q ainda temos muito para aperfeiçoar... A área da construção é muito complicada (o equilíbrio entre o que tem de ser feito, os prazos e a forma segura de o fazer, a constante falta de formação, a forma c q s encaram as profissões associadas, etc) e teria de ser encarada de uma forma objectiva e assumida pela ACT e outras entidades...


Enfim...
Um pouco do que há aqui... Na maioria das obras não há fiscalização. Mesmo quando há (normalmente são libaneses), não sabem o que é segurança. Temos 2 clientes bastante exigentes, sendo os americanos os de topo (empresas petrolíferas!)
Tivemos de começar quase do zero, formar os nossos, forçar a implementação interna e alimentar constantemente esses minimos com pressing agressivo!

Foi um prazer participar no teu blog, vou aprecer mais vezes...

Bjos mangolés

Vítor Borges disse...

Muito obrigado !!

Uma honra ter-te como a primeira "postadora" aqui.

A essa distância, com todas as dificuldades desse campo longínquo, acredito que ainda vejas com maior clareza as falhas e benefícios deste sistema criado neste canto do mundo.

Beijo grande