sábado, 28 de fevereiro de 2009

Qualidade... ou nem por isso!!!

No passado dia 19 de Fevereiro decorreu na Feira das Industrias um seminário organizado pela ACT sob o título "Promover a Qualidade através da Segurança e Saúde no Trabalho".

Curioso título!! Senão vejamos os assuntos a tratar:
http://www.igt.gov.pt/DownLoads/content/seminario_promoverqualidade_programa.pdf

  • Indicadores de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho: apresentação dos resultados 2002-2007

Excelente tema!!! Algo de que tanto necessitamos em Portugal. Em primeiro lugar para percebermos que o famoso Relatório Anual das Actividades da HST serve para algo, que alguém olha para ele, pelo menos. Depois porque estes indicadores são a base de qualquer boa gestão da Segurança ou pelo menos como aferição do desempenho num determinado sector de actividade.

Com o decorrer da apresentação e pelo discurso de quem a fez percebemos rapidamente que não vamos longe neste processo. É alguém que sabe muito de tratamento estatístico, mas que afirma e mostra no conteúdo apresentado que da terminologia e especificidades da HST pouco ou nada percebe. Apresenta dados irrelevantes, não faz um tratamento por sector de actividade, não entende quais os pontos fracos dos dados constantes dos relatórios e os índices de sinistralidade apresentados nenhuma utilidade prática apresentam. Fraco, muito fraco!!

  • Apresentação do novo modelo de Relatório de Actividades de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho

Ainda mais interessante este tema. A dissertação, pela pessoa responsável pelo gabinete que desenvolve esta matéria, começa de forma correcta. "O nosso objectivo era tornar o Relatório mais prático de utilizar e de tratar", meritório e necessário.

A segunda parte do discurso já me parece muito menos normal: "Este não é o relatório que eu gostava, é o relatório possível". No mínimo estranho. Este senhores só tiveram 4 anos para rever o Modelo de Relatório! Se lembrarmos que no ACT são necessários 4 meses para revalidar um CAP, sou capaz de estimar uns 15 anos para fazer uma revisão do Modelo de Relatório dos Serviços de forma séria e correcta.

Depois, apresentado o modelo, descobrem-se algumas coisas que acho no mínimo criticáveis. Imagine-se que neste relatório alguém tem a possibilidade de escolher entre SIM/NÃO à questão "Ministrou acções de formação em HST?" ou "Decorreram acções de informação em HST?"

Fiquei baralhado! Então ambos os temas não são obrigações básicas dos empregadores? Estamos a perguntar aos empregadores fogem às obrigações legais? Alguém no seu juízo perfeito acha que, mesmo que tal seja verdade, alguém vai responder que não dá formação em HST? Ou será que a resposta NÃO está ligada de forma automática a um recido de coima?

Como comentário final diria que por vezes quem está na plateia se entreolha ao ouvir estes senhores falarem. São Directores gerais ou de serviços, Responsáveis de Gabinete, um rol enorme de capelinhas e muitas vezes alguma sugestão de incompetência ou apenas incapacidade em muito do que dizem.

Recordo-me sempre que um CAP dCor do textoemora 4 meses a ser renovado, recordo que um local que é visitado por 4 inspecções sucessivCor do textoas tem que entregar 4 conjuntos de documentação porque não há organização geral dos arquivos, renovar o Modelo de Relatório Anual demora 4 anos e é feito para remendar o existente, 4 mudanças de nome e organização em menos de 5 anos. Lamentável, é no mínimo a expressão a utilizar.

Seria tão bom que mudassem o espírito para:

PROMOVER A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ATRAVÉS DA QUALIDADE

3 comentários:

Anónimo disse...

Sem palavras… não pude ir a este seminário mas alguns colegas de curso estiveram lá. Tive inclusive acesso às apresentações dos oradores e tomei conhecimento do novo relatório. E essa possibilidade de resposta SIM/NÃO que refere é apenas uma das que causou algum espanto.

E agora uma questão incómoda: O que acontece a alguém que, de facto, responda NÃO a uma ou várias questões em que a resposta deve, por força da Lei, ser SIM? Alguém se dará ao trabalho de sequer notificar o indivíduo em causa? Sabemos que, mesmo que notifique, não há contra-ordenação que lhe valha mas ainda assim não posso deixar de pensar um pouco nisso. Será que o objectivo velado da ACT, ao incluir tais questões no formulário, é o de fiscalizar as actividades de SHT à distância? Bem sei que o simplex anda por aí mas façam-me um favor, se querem cumprir a obrigação que têm de fiscalizar, desaferrolhem o rabo da cadeira e vão para o terreno, pois é lá que as coisas acontecem.

Ai a falta que faz por cá a Padeira de Aljubarrota!...

Mónica disse...

que mau!! o nome dos palestrantes já agora...

Anónimo disse...

ola sou marco calheiros vosso colega de profissão e que trabalho numa empresa de const civil a operar em varios paises e que na altura do preenchimento do relatorio surgio uma duvida, acidentes dentro e fora das instalações... no geral quase todos os nossos trabalhadores estão destacados no estrangeiro mas no relatoro so pede os acontecidos no estabelecimento e remete apenas para o ponto de 4.1 do relatorio... não sei, sera que o estado quer reduzir o nº de sinistralidade ao solicitarem estes dados porque acontecem no estrangeiro... sera que não são trabalhadores portugueses.... telefonei para o MTSS e fui quase que chamado de incompetente por um individuo que la estava (notava-se que não percebia nada de HST)e que sugeriu que se fizesse um relatorio anual por obra. Ora , tenho obras que dura apenas alguns dias dado a especialidade da nossa actividade... sera que tenho que fazer 300 relatorios para a mesma empresa durante o ano.resumindo, este novo relatorio esta bem pior que o anterior a nivel de estruturação e da informação pretendida o que me faz parecer que alguns individuos no estado apenas querem aquecer a cadeira onde ocupam sem muitas preocupações.